segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Café Teles no Jornal de Notícias

Patrões com meses alternados
«Há 23 anos que gerem um café em Freamunde, Paços de Ferreira, um mês cada um. Ao fim de cada mês, entregam contas e mercadoria ao outro e garantem que a receita do negócio é um êxito.
Manuel Cardoso, de 52 anos, e Carlos Gonçalves, de 45, implementaram no Café Teles, em Freamunde, Paços de Ferreira, um modelo de gestão curioso: cada um é o único dono pelo período de um mês, rotativamente. A fórmula resulta de tal maneira que 23 anos depois continuam a gerir um dos cafés mais bem-sucedidos da região. "Assim, sabemos que do dia 16 até ao dia 15 do mês seguinte estamos de folga", explica Manuel Cardoso. "Ao fim do mês, quando passo o negócio, fica tudo a zero. Acertamos contas nessa altura, e a mercadoria em stoque é dividida a meias por ambos", conta Carlos Gonçalves. "Já nos habituámos a ver um patrão diferente em cada mês. Nem sei se haverá algum café em Portugal com este tipo de gerência", interroga-se Fernando Taipa, cliente diário há 42 anos. "Às vezes até brincamos e interrogo-me como é que eles fazem a contabilidade", assegura Teodoro Faria, outro cliente. "Mas para a clientela o que conta é o serviço", diz Serafim Afonso, outro frequentador. "Desta maneira, os empregados não se cansam dos patrões", garante Sónia Fernandes, mulher de Carlos, responsável pela cozinha. "Se não fosse assim, caminhávamos numa estrada sem fim", acredita a mulher de Manuel Cardoso, Deolinda Gonçalves, também ela cozinheira nos meses em que é patroa.
Os dois sócios só trabalham ao mesmo tempo duas vezes no ano: nas festas de Santa Luzia e de Freamunde por causa da enchente. "Nessas ocasiões, ao fim da noite fazemos contas. Dividimos o que há para dividir e volta tudo à estaca zero", explica Carlos Gonçalves. Como o café nunca fecha, o sócio que estiver de folga regista os jogos da Santa Casa, à sexta-feira à tarde, e abre a porta do café, à segunda de manhã.
Como não há bela sem senão, o casal do mês trabalha por dia entre 16 a 17 horas. "Quando chegamos ao dia 16 já estamos mortos por entrar de folga", assegura Sónia Fernandes. "O pior é o primeiro dia da gerência. Trabalhamos mais de 20 horas, porque temos de pôr as contas em dia e acertar stoques", afiança Deolinda.
Os dois casais não têm dúvidas que o modelo beneficia o cliente e rejuvenesce a gerência. "Entramos mais motivados. E já há um café aqui perto que quer implementar o nosso sistema", assegura Carlos. São pouco os casos, mas há clientes que só frequentam a casa em função do patrão do mês. »
por José Vinha, in Jornal de Notícias

2 comentários:

Anónimo disse...

VIVA o CAFE TELES!

Um abraco a todos os clientes!

Z8

Anónimo disse...

Obrigado por Blog intiresny